NIKE | Por dentro do futebol jogado em espaços reduzidos: edição Buenos Aires
Buenos Aires, considerada uma das cidades mais vibrantes e imponentes da América Latina, está repleta de cultura e paixão. Além de ter dado origem ao tango, a capital argentina conta com a maior concentração de teatros do mundo. Entretanto, os maiores níveis de paixão e drama da cidade estão reservados para apenas uma coisa: o futebol.
FUTEBOL EM PRIMEIRO LUGAR
A Argentina é um dos países que se diferencia pelo futebol – o esporte permanece parte integrante da identidade nacional e as discussões sobre os jogos raramente são tranquilas. Essa atitude séria dos argentinos em relação ao jogo foi recompensada com impressionantes 25 títulos internacionais de extrema relevância, e fez com que hoje o país exportasse mais jogadores profissionais que qualquer outro lugar do mundo.
Em comparação com outras metrópoles, Buenos Aires é considerada a cidade que abriga o maior número de campos de futebol, um dos fatores que torna ainda mais visível o orgulho que seus habitantes têm do futebol argentino. A cada esquina vemos bandeiras, banners, adesivos e tatuagens aclamando instituições futebolísticas. Em algumas áreas como La Boca, casas inteiras, ou mesmo ruas, são totalmente pintadas com as cores do clube que move aquele lugar. A cidade é criteriosamente dividida em grupos de fanáticos - cada bairro se identifica com um respectivo time.
“Aqui na Argentina nós vivemos pelo futebol, e é assim em qualquer parte da cidade, em qualquer estádio. Quando não estamos assistindo nosso time jogar, estamos jogando; na praça, na rua, no nosso clube – o futebol em Buenos Aires está em todo lugar”, diz Pablo Varela, meio-campo do Centro Galicia de Buenos Aires.
Atualmente, dez dos principais clubes da Argentina vêm da grande Buenos Aires. Outras inúmeras equipes de divisões inferiores também estão no estado, o que gera a criação de grandes rivalidades. Mas o futebol também une as pessoas que habitam a capital argentina.
“Na Argentina, tanto homens quanto mulheres compartilham a paixão pelo futebol – os jovens, os mais velhos, todo mundo. Aqui isso é uma verdadeira paixão; não é fácil encontrar isso em outras cidades, ou em outros países. Aqui as pessoas vivem para o futebol”, diz Edgardo Bauza, técnico do clube San Lorenzo de Almagro.
CRESCIMENTO DOS JOGOS EM ESPAÇOS REDUZIDOS
Quando o futebol chegou a Buenos Aires no final do século XIX, não demorou muito a se transformar nesse gigante que é hoje. Naquela época, a abundância de potreros (pastos) na região fez com que os residentes da cidade criassem campos de futebol com facilidade, cativando rapidamente os corações das pessoas com a natureza simples do jogo.
Hoje, o espaço é limitado em Buenos Aires. O crescimento da cidade consumiu os campos nas últimas décadas. Áreas de tamanho reduzido têm sido cada vez mais usadas como recurso para a prática do futebol, incluindo ruas, parques e clubes.
“Aqui o futebol de ‘cinco contra cinco’ tem muita tradição, é tradicional para pessoas de todas as idades. Desde crianças de cinco anos até os jogadores das ligas profissionais”, diz Bauza. “O futsal é muito útil para o desenvolvimento do jogador. Acho que crianças não estão prontas para o campo de tamanho oficial (11 contra 11) até chegarem aos 10 ou 11 anos de idade, então o jogo em espaços reduzidos é o ambiente perfeito para eles aprenderem bem os fundamentos básicos”.
Especialmente os clubes esportivos dos bairros têm histórias ricas em termos sociais e esportivos, e fazem parte das comunidades locais. Esses clubes tiram as crianças da malandragem e do isolamento, e dá a elas a oportunidade de aprender a jogar e se desenvolver sob um ambiente seguro – onde as famílias e os amigos podem se reunir. Esses clubes são verdadeiros berçários do futebol, e é neles que as futuras estrelas se desenvolvem. Os jogadores jovens tem a liberdade de jogar simplesmente por prazer. É onde eles podem tentar e errar sem ter que lidar com muita pressão externa. Não que o jogo seja informal – aqui há intensidade até o limite - mas só porque eles podem assumir riscos maiores.
CLUB ESTRELLA DE MALDONADO
O Club Estrella de Maldonado, localizado no coração de Palermo, em Buenos Aires, foi fundado no dia 9 de julho de 1934. O nome do clube foi inspirado no Rio Maldonado, que corria atrás do clube na ocasião, mas que hoje corre em uma tubulação na Avenida Juan B. Justo.
Há muitas décadas atrás, o tango ajudou a estabelecer o Estella como um grande clube, pelo qual excelentes músicos chegaram a atuar. Para lembrar essas origens, um clássico piano vertical fica atrás da estante de troféus do clube. Mas na melhor parte de seus 81 anos de história, a reputação e a fama vêm do futebol – especificamente o futebol jogado em espaços reduzidos – e vários jogadores famosos já representaram o clube ou jogaram lá ao longo dos anos.
Hoje, o clube tem dois campos de futebol de tamanho reduzido, um coberto e outro externo – ambos de concreto e pintados de azul e branco. Mais de 400 crianças, dos 3 aos 18 anos, jogam atualmente no Estrella. Outras 200 vão ao clube para aprender boxe, nadar ou praticar outros esportes. Jogadores de 10 anos de idade ou mais têm a chance de representar o clube na liga local, mas jogadores de todos os níveis são bem-vindos.
“Este clube é como uma segunda casa para mim. Na verdade, fico mais aqui do que em casa. quando estou representando o clube contra outros times, jogo pela camisa, jogo com o coração, dou o meu melhor em campo”, diz Luciano Gargiulo, zagueiro da equipe da categoria sub-18 do Estrella de Maldonado.
“Nosso time é formado de amigos e todos moram perto. Jogamos com paixão, jogamos uns pelos outros. se acontece um erro nós o deixamos no campo. Não é nada pessoal e acaba quando o jogo termina. Na minha idade não há mais muita chance de jogar profissionalmente num time de campo. Meu objetivo é jogar na primeira divisão de futsal daqui e representar o clube com orgulho.”.
SUCESSO NO FUTEBOL JOGADO EM ESPAÇOS REDUZIDOS
O Estrella produz jogadores que jogam uns pelos outros. O jogo competitivo aqui é disciplinado, com lampejos de talento – jogadores apreciam momentos de criatividade, mas somente quando são necessários.
Ao combinar habilidade técnica com determinação e garra incansável – a atitude de nunca desistir cria um jogo apaixonado. Para os jogadores, perder não é uma opção. As plataformas de mídia social e as audiências que elas trazem estimulam ainda mais a mentalidade de vencer.
“Quando você termina um jogo de futebol e vai pra casa, a primeira coisa que seus pais perguntam é ‘como você se saiu? ’ Eles não perguntam ‘você se divertiu? ’ Porque ‘como vocês se sairam? ’ Implica que ganhar é bom, e perder é ruim. E isso está absolutamente enraizado, acredite! Eu associo sucesso com resultado”. – Fabian Castro, diretor de futebol do Estrella de Maldonado.
A CONFIANÇA CONDUZ
Na Argentina, líderes são mais valorizados do que artilheiros; As pessoas admiram aqueles que lideram dando exemplo, que inspiram seus colegas, que vestem a camisa do time e jogam com o coração, e permanecem firmes mesmo diante das adversidades.
O líder que organiza, joga com convicção, e que continua sendo leal ao seu clube e aos torcedores está no topo da pirâmide do futebol, porque representa a equipe e a torcida. Ele pode até nem ser o melhor jogador tecnicamente, mas é escolhido para assumir a responsabilidade pelo que acontece em campo. Enquanto em outras nações a maioria dos jovens sonha ser um garoto propaganda, em Buenos Aires os jogadores querem apenas se tornar capitães e ganhar o respeito das pessoas.
“Eu quero a bola, eu quero organizar, eu quero nos ajudar a alcançar o sucesso. Eu sou o capitão no campo. e, como tal, você tem que confiar nos seus companheiros, no técnico; se você não confia em um companheiro de time, você o desanima. Eu sempre confio nas qualidades deles. Venha o que vier, nós estaremos sempre juntos,” diz Nicolas Galella, meio-campo do Estrella de Maldonado.
A filosofia de que o time é mais do que a soma de suas partes, e a confiança coletiva forma as raízes da cultura do futebol em Buenos Aires. Mantendo a tradição, cada geração escreve um novo capítulo para consolidar ainda mais essa história.
Esta é uma cidade acostumada a vencer, e o consenso geral é que outra grande vitória pode estar próxima.
“O futebol na argentina está vivendo um grande momento – talvez um dos melhores da história. Veja o número de jogadores incríveis que temos, e os muitos outros aparecendo todos os anos. O que falta é um grande título internacional para marcar esta era. Isso seria magnífico para nós, especialmente para os nossos jovens,” diz Castro.
Da Cidade do México ao Rio de Janeiro, passando por Buenos Aires e Santiago – a poucas semanas da Copa América 2015, essa série especial de reportagens do Nike News aborda como o futebol jogado em espaços reduzidos continua a influenciar o desenvolvimento do esporte na América Latina.
FUTEBOL EM PRIMEIRO LUGAR
A Argentina é um dos países que se diferencia pelo futebol – o esporte permanece parte integrante da identidade nacional e as discussões sobre os jogos raramente são tranquilas. Essa atitude séria dos argentinos em relação ao jogo foi recompensada com impressionantes 25 títulos internacionais de extrema relevância, e fez com que hoje o país exportasse mais jogadores profissionais que qualquer outro lugar do mundo.
Em comparação com outras metrópoles, Buenos Aires é considerada a cidade que abriga o maior número de campos de futebol, um dos fatores que torna ainda mais visível o orgulho que seus habitantes têm do futebol argentino. A cada esquina vemos bandeiras, banners, adesivos e tatuagens aclamando instituições futebolísticas. Em algumas áreas como La Boca, casas inteiras, ou mesmo ruas, são totalmente pintadas com as cores do clube que move aquele lugar. A cidade é criteriosamente dividida em grupos de fanáticos - cada bairro se identifica com um respectivo time.
“Aqui na Argentina nós vivemos pelo futebol, e é assim em qualquer parte da cidade, em qualquer estádio. Quando não estamos assistindo nosso time jogar, estamos jogando; na praça, na rua, no nosso clube – o futebol em Buenos Aires está em todo lugar”, diz Pablo Varela, meio-campo do Centro Galicia de Buenos Aires.
Atualmente, dez dos principais clubes da Argentina vêm da grande Buenos Aires. Outras inúmeras equipes de divisões inferiores também estão no estado, o que gera a criação de grandes rivalidades. Mas o futebol também une as pessoas que habitam a capital argentina.
“Na Argentina, tanto homens quanto mulheres compartilham a paixão pelo futebol – os jovens, os mais velhos, todo mundo. Aqui isso é uma verdadeira paixão; não é fácil encontrar isso em outras cidades, ou em outros países. Aqui as pessoas vivem para o futebol”, diz Edgardo Bauza, técnico do clube San Lorenzo de Almagro.
CRESCIMENTO DOS JOGOS EM ESPAÇOS REDUZIDOS
Quando o futebol chegou a Buenos Aires no final do século XIX, não demorou muito a se transformar nesse gigante que é hoje. Naquela época, a abundância de potreros (pastos) na região fez com que os residentes da cidade criassem campos de futebol com facilidade, cativando rapidamente os corações das pessoas com a natureza simples do jogo.
Hoje, o espaço é limitado em Buenos Aires. O crescimento da cidade consumiu os campos nas últimas décadas. Áreas de tamanho reduzido têm sido cada vez mais usadas como recurso para a prática do futebol, incluindo ruas, parques e clubes.
“Aqui o futebol de ‘cinco contra cinco’ tem muita tradição, é tradicional para pessoas de todas as idades. Desde crianças de cinco anos até os jogadores das ligas profissionais”, diz Bauza. “O futsal é muito útil para o desenvolvimento do jogador. Acho que crianças não estão prontas para o campo de tamanho oficial (11 contra 11) até chegarem aos 10 ou 11 anos de idade, então o jogo em espaços reduzidos é o ambiente perfeito para eles aprenderem bem os fundamentos básicos”.
Especialmente os clubes esportivos dos bairros têm histórias ricas em termos sociais e esportivos, e fazem parte das comunidades locais. Esses clubes tiram as crianças da malandragem e do isolamento, e dá a elas a oportunidade de aprender a jogar e se desenvolver sob um ambiente seguro – onde as famílias e os amigos podem se reunir. Esses clubes são verdadeiros berçários do futebol, e é neles que as futuras estrelas se desenvolvem. Os jogadores jovens tem a liberdade de jogar simplesmente por prazer. É onde eles podem tentar e errar sem ter que lidar com muita pressão externa. Não que o jogo seja informal – aqui há intensidade até o limite - mas só porque eles podem assumir riscos maiores.
CLUB ESTRELLA DE MALDONADO
O Club Estrella de Maldonado, localizado no coração de Palermo, em Buenos Aires, foi fundado no dia 9 de julho de 1934. O nome do clube foi inspirado no Rio Maldonado, que corria atrás do clube na ocasião, mas que hoje corre em uma tubulação na Avenida Juan B. Justo.
Há muitas décadas atrás, o tango ajudou a estabelecer o Estella como um grande clube, pelo qual excelentes músicos chegaram a atuar. Para lembrar essas origens, um clássico piano vertical fica atrás da estante de troféus do clube. Mas na melhor parte de seus 81 anos de história, a reputação e a fama vêm do futebol – especificamente o futebol jogado em espaços reduzidos – e vários jogadores famosos já representaram o clube ou jogaram lá ao longo dos anos.
Hoje, o clube tem dois campos de futebol de tamanho reduzido, um coberto e outro externo – ambos de concreto e pintados de azul e branco. Mais de 400 crianças, dos 3 aos 18 anos, jogam atualmente no Estrella. Outras 200 vão ao clube para aprender boxe, nadar ou praticar outros esportes. Jogadores de 10 anos de idade ou mais têm a chance de representar o clube na liga local, mas jogadores de todos os níveis são bem-vindos.
“Este clube é como uma segunda casa para mim. Na verdade, fico mais aqui do que em casa. quando estou representando o clube contra outros times, jogo pela camisa, jogo com o coração, dou o meu melhor em campo”, diz Luciano Gargiulo, zagueiro da equipe da categoria sub-18 do Estrella de Maldonado.
“Nosso time é formado de amigos e todos moram perto. Jogamos com paixão, jogamos uns pelos outros. se acontece um erro nós o deixamos no campo. Não é nada pessoal e acaba quando o jogo termina. Na minha idade não há mais muita chance de jogar profissionalmente num time de campo. Meu objetivo é jogar na primeira divisão de futsal daqui e representar o clube com orgulho.”.
SUCESSO NO FUTEBOL JOGADO EM ESPAÇOS REDUZIDOS
O Estrella produz jogadores que jogam uns pelos outros. O jogo competitivo aqui é disciplinado, com lampejos de talento – jogadores apreciam momentos de criatividade, mas somente quando são necessários.
Ao combinar habilidade técnica com determinação e garra incansável – a atitude de nunca desistir cria um jogo apaixonado. Para os jogadores, perder não é uma opção. As plataformas de mídia social e as audiências que elas trazem estimulam ainda mais a mentalidade de vencer.
“Quando você termina um jogo de futebol e vai pra casa, a primeira coisa que seus pais perguntam é ‘como você se saiu? ’ Eles não perguntam ‘você se divertiu? ’ Porque ‘como vocês se sairam? ’ Implica que ganhar é bom, e perder é ruim. E isso está absolutamente enraizado, acredite! Eu associo sucesso com resultado”. – Fabian Castro, diretor de futebol do Estrella de Maldonado.
A CONFIANÇA CONDUZ
Na Argentina, líderes são mais valorizados do que artilheiros; As pessoas admiram aqueles que lideram dando exemplo, que inspiram seus colegas, que vestem a camisa do time e jogam com o coração, e permanecem firmes mesmo diante das adversidades.
O líder que organiza, joga com convicção, e que continua sendo leal ao seu clube e aos torcedores está no topo da pirâmide do futebol, porque representa a equipe e a torcida. Ele pode até nem ser o melhor jogador tecnicamente, mas é escolhido para assumir a responsabilidade pelo que acontece em campo. Enquanto em outras nações a maioria dos jovens sonha ser um garoto propaganda, em Buenos Aires os jogadores querem apenas se tornar capitães e ganhar o respeito das pessoas.
“Eu quero a bola, eu quero organizar, eu quero nos ajudar a alcançar o sucesso. Eu sou o capitão no campo. e, como tal, você tem que confiar nos seus companheiros, no técnico; se você não confia em um companheiro de time, você o desanima. Eu sempre confio nas qualidades deles. Venha o que vier, nós estaremos sempre juntos,” diz Nicolas Galella, meio-campo do Estrella de Maldonado.
A filosofia de que o time é mais do que a soma de suas partes, e a confiança coletiva forma as raízes da cultura do futebol em Buenos Aires. Mantendo a tradição, cada geração escreve um novo capítulo para consolidar ainda mais essa história.
Esta é uma cidade acostumada a vencer, e o consenso geral é que outra grande vitória pode estar próxima.
“O futebol na argentina está vivendo um grande momento – talvez um dos melhores da história. Veja o número de jogadores incríveis que temos, e os muitos outros aparecendo todos os anos. O que falta é um grande título internacional para marcar esta era. Isso seria magnífico para nós, especialmente para os nossos jovens,” diz Castro.
Da Cidade do México ao Rio de Janeiro, passando por Buenos Aires e Santiago – a poucas semanas da Copa América 2015, essa série especial de reportagens do Nike News aborda como o futebol jogado em espaços reduzidos continua a influenciar o desenvolvimento do esporte na América Latina.
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